sexta-feira, 31 de agosto de 2018

" Da janela frontal da sala de visitas - Rua Navajas " - 2018


A paisagem proposta pelo prefeito Marcos Mello, em janeiro deste ano, em entrevista ao jornal o Diário de Mogi - "A verticalização do Centro Histórico de Mogi das Cruzes". 



O panorama do patrimônio histórico mogiano - 458 anos
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Precedentes:
Mogi das Cruzes vêm renegando sua história, e patrimônios: culturais, arquitetônicos e naturais há muitas décadas.
A demolição da igreja de Nossa Senhora do Rosário, em 1966, precedeu e justificou para a maioria dos mogianos, a destruição parcial ou total de sua memória. O inconsciente (ou consciente) coletivo até hoje diz assim: - se o bispo e o historiador puderam demolir uma preciosidade religiosa e arquitetônica, por quê não podemos? 
Lembrando que, poucos anos antes, o padre Roque Pinto de Barros havia demolido a secular igreja Matriz!
Nessa mesma época, os carmelitas encabeçaram uma campanha para a demolição das igrejas do Carmo, arrecadaram um abaixo-assinado com 6 mil assinaturas e encomendaram um projeto para um templo maior e moderno.
A mobilização de alguns poucos irmãos-terceiros, como o sr. Delphino Camargo deflagou à campanha oposta tendo à frente o historiador Horácio da Silveira com o aval do urbanista Lucio Costa.
A restauração do conjunto carmelitano arrastou-se por quase duas décadas, e até hoje não foi concluída, pois apenas a arquitetura foi recuperada, as talhas, pinturas e esculturas ainda estão por ser restauradas.
Em decorrência da importância do conjunto arquitetônico-artístico e cultural as igrejas foram tombadas como patrimônio nacional e estadual gerando um "raio de proteção de 300 metros ao redor" (1982), criando dessa forma um "manto sagrado" extensivo ao casario secular e a urbanização da quatrocentona Mogi, dando início ao processo de "preservação" do patrimônio.
A medida gerou polêmica e acelerou à demolição dos casarões, o exemplo como sempre partiu do poder público, o prefeito à época, Valdemar Costa Filho, mandou demolir dois ícones da cidade: o antigo prédio da prefeitura e o tabelionato da família Arouche de Toledo, prédios contínuos localizados à rua José Bonifácio, onde até hoje temos um vazio, alias um estacionamento ! Muitos proprietários, "impedidos" pelo Condephaat de reformar ou demolir, destelharam ou mesmo atearam fogo em nossa memória, em nossos casarões de taipa-de pilão, de taipa-de-mão ou adobe, sem nenhum ou qualquer constrangimento.
Nesse processo, uma das exceções dos poder público, foi o ex prefeito Machado Teixeira, que resguardou o Casarão do Carmo e montou uma excelente equipe na Cultura. 
Vinte e um anos depois (2003), o prefeito Junji Abe cumprindo à Constituição Federal de 1988, (Estatuto das Cidades - 2001) institui o Comphap´( Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico Cultural, Artístico e Paisagístico de Mogi das Cruzes), de cunho praticamente consultivo, necessitava de respaldo e assessoria técnica, após dois anos, criou o D. P. H. - Departamento de Patrimônio Histórico, chefiado pela arquiteta Maria Lucia. 
A preservação do "restante de nosso patrimônio histórico" parecia estar novamente sob o manto sagrado. Parecia apenas, em 2010, o prefeito Marco Bertaioli, extingue o D. P. H. sob a alegação que estava obsoleto! Desestruturando desta forma, qualquer preservação séria e comprometida de nossa memória secular. O Comphap novamente sem respaldo, sem técnicos, sem assessoria, e poder de fiscalização sequer. Sem contar também, o despreparo dos conselheiros e a animosidade de alguns para com a população e os poucos proprietários que preservam (falo por mim).
Compuseram dez atrás, uma lista de imóveis a serem tombados, a maioria deles não foi concluída, alguns, como o caso do bicentenário sítio São João, em Cesar de Souza, literalmente ruiu e outros estão em vias de tombar, do verbo do mesmo.
As ações contra à história e contra à cultura são promovidas pelos que deveriam zelar, cuidar e valorizar, como o caso da igrejinha de São Sebastião, em Taiaçupeba, o pároco resolveu rebocar a pintura do singular artista José Benedicto da Cruz - J.B.C, pintura esta com 100 anos, questionado pelo bisneto do construtor da igreja, continuou a descaracterizar a obra. Uma ação foi movida no MP pela Agência de Desenvolvimento Social (ADS), Pedro Gandolla, eu, Joao Camargo fomos os signatários, A Cúria Diocesana responsável pela igreja foi obrigada a restaurar o "arco cruzeiro". A indisposição gerada, mas a foto de capa de Comphap como prêmio é dos conselheiros, que ironia!
O caso mais emblemático foi o crime ambiental praticado pela própria secretaria municipal de cultura, em 2016, no prédio da Casa de Câmara e Cadeia, conhecido agora como prédio da Pinacoteca. O edifício estava em processo de tombamento, o que não permite qualquer intervenção no mesmo, sem a prévia autorização do órgão competente (Condephaat), a secretaria grafitou a fachada posterior inteira, mais a parte interna e alterou a planta original, criando um "puxadinho" que chamou de sala do secretário.
Denunciada ao Condephaat por mim e pelo Joao Camargo, a secretaria argumentou ser preconceito numa tentativa covarde de jogar a opinião pública contra nós para encobrir o descumprimento da lei estadual, depois do fato consumado fez duas reuniões, uma com o Comphap, e outra com o Comuc (Conselho de Cultura), o grafite foi aprovado por unanimidade. (!!!) A presidente do Comphap, Ana Sandim, propôs atè um abraço para manter o grafite. A arquiteta em questão estava em defesa do patrimônio, da história e da cultura? Dê que lado está (va) o Comphap? Quem são os algozes de nossa história?
O intento do atual prefeito em verticalizar ( verticalização alta) provavelmente será atendida por nossos edis. A pressão imobiliária é grande, nossa qualidade de vida corre sério risco, não apenas o patrimônio histórico, mas nossos patrimônios naturais: o rio Tietê está sendo solificado, a APA do rio não está sendo respeitada, o mesmo com a Serra do Itapety, nossa reserva de Mata Atlântica, que faz parte dos 7% que restou em todo país.
Avança Mogi, o progresso é isso. 
Devastador... 
Preservar pra quê?
A Selva Concreta está a nossas portas e janelas... 
Texto - Luiz Miguel Franco Baida


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