O verdadeiro nome de Nhá Zéfa era Josefina Franco de Camargo. Nasceu
em 21 de julho de 1902 e morreu em 11 de setembro de 1991. Segundo a certidão
de óbito ela teria 89 anos. A data de nascimento e a idade, porém, não são
confirmadas pelos parentes. Sobre os pais não há qualquer informação de data de
nascimento e de origem. As netas dizem que ela nasceu antes da data confirmada
no documento e que teria falecido com mais de 98 anos.
Nhá Zéfa nasceu e viveu a infância num sítio em Arujá (SP), época em que essa cidade ainda pertencia ao município de Mogi das Cruzes. Ao se casar, foi morar num grande terreno localizado no centro de Mogi das Cruzes, onde viveu com a família durante muitos anos. Por não ter título da terra, foi desapropriada e expulsa do lugar por ordem de um prefeito da época da ditadura militar na década de 1960. Hoje, nesse mesmo local se localiza o atual centro cívico da cidade. Lá, estão localizados a prefeitura, o fórum, o corpo de bombeiro, o tiro de guerra, duas universidades privadas, entre outros órgãos públicos.
Nhá Zéfa Onça, como era conhecida, foi uma figura emblemática da Festa do
Divino de Mogi das Cruzes. Ela costumava desfilar no principal cortejo da Festa do Divino, a Entrada
dos Palmitos, montada em um cavalo todo enfeitado com as cores do divino, com
destaque especial para as cores vermelha e branca.
Curiosidade
Nhá Zéfa não gostava de ser chamada de onça por qualquer pessoa e ficava
brava quando isso acontecia. O devido apelido “onça” originalmente vem do primeiro marido, conhecido como João Onça,
que era bandeireiro do Divino e também caçador de onças. Como bandeireiro, o
marido peregrinava de casa em casa com a bandeira do Divino na busca de
doações para a festa. Numa das casas onde tomou pouso acabou falecendo. Depois
de sua morte, as pessoas passaram a chamar Nhá Zéfa de onça. Daí alguns dizem
não haver ligação com o fato de ela ser uma mulher brava e corajosa.
Nhá Zéfa foi sem dúvida uma mulher livre das amarras da feminilidade e dos
estereótipos de dominação projetados nas ideias de passividade e de submissão
patriarcal. Não tinha medo de nada e não fugia de uma briga quando era provocada.
Durante sua vida fez tudo que queria fazer. Tinha coragem e enfrentava a tudo e a
todos. Nhá Zéfa era realmente uma figura marcante: andava a cavalo, usava lenço e
chapéu na cabeça, carregava uma bolsa feita de pano, tinha espírito de liberdade,
cuidava das próprias coisas, dos bichos e das plantas, não tinha medo de cobras, se
perdia no mato e enfrentava lugares mal-assombrados.
No final da vida, sofreu de diabetes, mas desconhecia a doença.
Fonte: Herbert Rodrigues - IMAGENS MÚLTIPLAS DO FEMININO NA CULTURA POPULAR BRASILEIRA
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Lembro bem de Nhá Zefa, pelas ruas de Mogi!! Saudades viu!
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